ERGOTISMO
O ergotismo resulta do consumo de produtos contaminados com alcalóides da cravagem do centeio, que são produzido pelo fungo Claviceps purpurea.
No passado o ergotismo apareceu em duas formas clínicas principais: a forma gangrenosa, e a forma convulsiva[9]. O ergotismo gangrenoso resultava das propriedades vasoconstritoras dos alcalódes da cravagem do centeio que reduziam o fluxo sanguineo para as mãos e os pés [10] verificando-se alterações da cor da pele e alguma perda de sensibilidade nestas zonas. Por este motivo, por vezes havia necessidade de amputação dos membros lesados. Esta forma de ergotismo apresenta características clínicas semelhantes às de overdose por ergotamina. Sendo que a ergotamina tem pouco efeito sobre o fluxo sanguíneo cerebral, nesta situação o cérebro não será tão afetado [9].
Fig. 6 - Manifestações de ergotismo gangrenoso[21].
O ergotismo convulsivo ataca o sistema nervoso central e leva ao aparecimento de alucinações, delírio, sonolência, visão dupla. Alguns indivíduos afetados desenvolviam também sudorese, febre, rigidez muscular e espasmos. Com a evolução do transtorno, o tronco poderia tornar-se dobrado devido aos espasmo. Estas posturas anormais podiam durar de minutos a horas e poderiam voltar após intervalos de horas ou dias. As características clínicas da ergotismo convulsivo são semelhantes aos da síndrome da serotonina. Esta forma de ergotismo desapareceu quase à um século atrás, como resultado de medidas de Saúde Pública [9].
Atualmente o ergotismo caracteriza-se por uma desordem vasosespástica, semelhante à forma gangrenosa que existiu no passado, no entanto hoje em dia o seu aparecimento não é tão comum [9].
9. Eadie, M.J., Convulsive ergotism: epidemics of the serotonin syndrome? The Lancet Neurology. 2(7): p. 429-434.
10. James F. White Jr., C.W.B., Nigel L. Hywel-Jones, Joseph W. Spatafora, Clavicipitalean Fungi. 2003. 640.
21.Wikipedia, http://en.wikipedia.org/wiki/Ergotism, 28/05/2015